QUESÕES DE SAÚDE
O serviço público de saúde foi sempre problemático, andou sempre aos tombos, nunca encontrou um caminho direito. Vá-se lá saber porquê...
Uma das acusações dirige-se para a divisão do País entre litoral e interior - um litoral demograficamente muito denso (rico?) e um interior de densidade demográfica muito baixa (pobre?). Outra razão é a constante falta de pessoal técnico (médicos e enfermeiros). Parece lógico... Mas não é! Ora vejamos:
O litoral - grandes cidades, grandes infra-estruturas - deveria oferecer serviços de elevada qualidade. Nem sempre isso acontece. Aqui as listas de espera são longas! A qualidade, bem, este factor fica ao critério que quem me lê. Não me atrevo a defini-lo.
Quando - no litoral- se tem acesso a um serviço de saúde ele é 'suado' após uma longa caminhada. Como exemplo posso apresentar uma situação que acontece diariamente numa zona da grande área metropolitana de Lisboa.
-Inscrever no serviço é fácil.
-Acesso ao Sr dr.... já não é assim! Então? Entra-se numa longa lista de
espera para arranjar um Sr. dr. de acompanhamento - vulgo médico de
famiíia... - Dizem: se for urgente tem um dr para essa situação, pontual, que
não faz consultas de continuidade.
-Caso tenha já sido atribuído um 'médico de família' o acesso o consulta -
dizem: é imediato - mas, o objectivo da desejada consulta será também muito transpirado.
Se precisar marcar... por telefone é um risco - raramente encontra vaga.
Caso se dirija ao posto, para fazer a marcação pessoalmente, há que ir bem
cedinho pela fresquinha (mais ou menos 6h da madrugada), - levar banco e
agasalho e esperar a hora de abertura do centro....
Rezar, sim rezar para que tudo corra bem e ao chegar ao local a fila não vá longa de modo que não esteja completa a lista
do dia....
Ouvem-se comentários surrealistas com uma alegria que salta dos olhos 'fui o primeiro....' 'Ufa, estava a ver que já não apanhava vez...'
-Marcada a consulta, cerca das 8 horas da manhã, há que verificar o número
e esperar pacientemente pelo dr, que nunca chega a hora, são raros os
britanistas. Arrisca-se a sair do centro de saúde com uma doença nervosa e
muito «stresse». Há que programar muito bem esse dia e fazer outras coisas
enquanto se espera, para que não seja tudo perdido. Aproveite o intervalo
para fazer umas comprinhas, dar uma volta pelas montras ou ir descansar
num café próximo. Tudo com muita calma...
No interior, reconheço a coisa e muito mais complicada - é que aliado à divisão (fictícia) interior/litoral, parece haver cidadão de primeira e de segunda. Aí, raramente existe uma razoável prestação do serviço público de saúde in situ. Pode até existir edifício e meios tecnológicos, mas, por este ou aquele motivo, o serviço não cumpre o fim para que deveria estar vocacionado. As entidades locais têm se esforçado para combater ou minimizar as deficiências, o esforço tem-se mostrado pouco frutífero. A situação vivida por estas populações é mesmo de heróica precistência. Quando tem doenças de urgência ou até mesmo doenças crónicas (caso os hemofilicos) aguentam longos quilómetros para aceder ao necessário serviço público de saúde. Chegam a estar fora da sua área de residência 12 horas ou mais! Veja-se o que está a passar com doentes de Portalegre, três vezes por semana têm que arranjar coragem, paciência e muita calma para fazerem os tratamentos - longe, muito longe. Aguentam um sem número de gastos em transportes, em horas, em fadiga física, psicológica e em qualidade de vida...
Porquê?? Porquê??Saúde
Ainda há muito para dizer. Hoje fico por aqui.
N.B.: consultem a imagem do estado da saúde em Portugal
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